Ahhhh… Caldo Verde.
Eu e o caldo verde temos uma história que estava na ponta dos dedos para contar. Na verdade na ponta da lingua. Às vezes eu sinto falta de uma cinegrafia na cozinha para poder ir contando as histórias que me vêem à mente quando estou preparando alguma coisa.
Para nós uma história por mais simples que seja, ela, por estar recheada de uma carga emotiva e guardada em nossa memória sempre parece que vai render páginas e páginas de um livro, mas se você tenta colocar no papel acaba por não passar de meras 5 linhas, não que não façam jus à sua importância, toda memória é importante e as páginas estão ai para nós ajudar a lembrar e compartilhar esses momentos.
Um dia eu vou trocar essa frase aqui pela data exata em que eu comi caldo verde pela primeira vez na minha vida. Sim, eu posso gritar. EU TENHO O DIA EXATO QUE COMI CALDO VERDE PELA PRIMEIRA VEZ NA VIDA, graças ao casamento de meu tio. rs
Não é a comida mais chique ou importante para um casamento, porem foi um dos pratos do almoço feito em minha casa quando morava em Minas Gerais para as visitas se prepararem para o casamento.
Lembro me de minha falecida avó, que tem um dos nomes mais lindos do mundo – Tarcília, fez o caldo verde e um feijão tropeiro, que um dia desses também faço só para manter um laço com comidas de pouco requinte mas de sabores e aromas familiares e sensação de que no final é pé na mesa, xícara de café e conversas na cozinha até o final da tarde.
Se tem algum mistério no caldo é a couve, pois ela deve ser cortada fininha como na couve refogada, alías outra paixão que tenho é couve refogada no alho, mas só aquele susto pra ela murchar de leve, mistura ela em um belo feijão preto e uma quantidade de angu… fiquei até com água na boca, cada um tem suas manias.
Fritei rapidamente a linguiça fininha em azeite colocando no final a cebola para murchar e adicionando a água, cozinhei as batatas adicionando uma pitada de sal. Vale ressaltar que eu queria nesta primeira vez que fiz o caldo verde sentir a natureza dos sabores e aromas e não colocar várias temperos e mascarar a natureza.
Amassei grosseiramente com um grafo as batatas depois de cozidas, e coloquei de volta na panela acrescentando a couve. Deixei ferver um pouco e prontinho. Caldo verde boca adentro, recordações de infância do casamento de meu tio e a promessa de repetir essa receita.
Flávio